40% das brasileiras em idade reprodutiva realizam o procedimento, segundo a OMS
Quatro em cada 10 das brasileiras em idade reprodutiva (de 10 a 49 anos) realizam a laqueadura tubária – procedimento voluntário de esterilização na mulher. Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) colocam o Brasil ao lado da China e da Índia entre os países com maiores índices da cirurgia. A recomendação médica é que esse tipo de procedimento seja feito após muita reflexão, já que a reversão é extremamente difícil.
De acordo com Edilberto Araujo, ginecologista creditado pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), a laqueadura tubária é considerada definitiva, por isso é preciso muito diálogo entre o casal e o profissional de saúde para a tomada consciente de uma decisão.
“Esse procedimento ocorre quando as trompas são amarradas ou cortadas, interrompendo a possibilidade de óvulo e espermatozoides se encontrarem. A paciente deve ter 25 anos e no mínimo dois filhos. Todavia é importante que a paciente esteja ciente que existem outros métodos anticonceptivos muito eficientes e que não são definitivos”, sugere o médico.
A boa notícia é que a cirurgia para reversão da laqueadura existe, mas as chances de sucesso dependem de alguns fatores como condições cirúrgicas e técnica utilizada. “Se a técnica de laqueadura foi mais conservadora, como a de Pomeroy, por exemplo (onde se amarra e corta as trompas na parte media das trompas), a taxa de sucesso na reversão é boa, variando de 48 a 80 % segundo a literatura, em termos de gravidez em um ano”, explica Edilberto.
Como ter filhos depois da laqueadura?
Para o médico, além dos riscos inerentes a qualquer procedimento cirúrgico, o maior risco da laqueadura é o arrependimento da paciente e insucesso na reversão. “O médico precisa ter bom senso na hora de indicar ou não a reversão, levando-se em conta a idade da paciente, o tipo de laqueadura realizada e se não há outros fatores de infertilidade envolvidos como um fator masculino grave, por exemplo”, reforça.
Caso a reversão da laqueadura não funcione, o casal ainda pode tentar engravidar por meio da Fertilização in Vitro (FIV). “A fecundação do óvulo e nutrição do embrião, até que ele chegue no útero, é realizada pela trompa. Na ausência dela, esse processo tem que ser feito fora do útero. Para isso temos que estimular os ovários da paciente, de forma a produzir vários folículos maduros, acompanhar pelo ultrassom até que eles atinjam o tamanho ideal, para depois aspirar os óvulos”, esclarece o especialista.
“A partir daí entra o trabalho do laboratório, onde os embriologistas selecionam os melhores óvulos e espermatozoides para serem fecundados. Passados de 2-5 dias os embriões com melhor chance de vingar são transferidos por via vaginal com auxílio de um delicado cateter para dentro do útero”, conclui o ginecologista.
Por Júlia Carneiro – Conversa Coletivo de Comunicação Criativa
Créditos da foto: https://goo.gl/KRxEPo
Fonte: SBRA