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O biólogo chinês He Jiankui rompeu o limite da ética e modificou o DNA das gêmeas chamadas Lula e Nana. As meninas gêmeas foram as primeiras pessoas, na história da humanidade, que nasceram após seu genes terem sido modificados em uma bancada de laboratório enquanto ainda estavam na fase de embriões.

O quê exatamente ele fez? Deixou as meninas “imunes” ao vírus HIV para sempre.

Como ele fez isso?

Vamos entender: utilizando uma técnica cientificamente complexa o biólogo “cortou” do DNA um gene que fabrica uma proteína que deixa o organismo humano sensível ao vírus HIV. Resultado: com este gene “cortado” e definitivamente fora do DNA, as meninas ficariam mais resistentes ou até imunes ao vírus HIV. Teoricamente, portanto, estariam “livres” da possibilidade de adquirir o HIV pelo resto da vida. Essa foi a ideia que o motivou, pois Jiankui fez isso por que o pai das meninas é portador do HIV. O intuito, portanto, foi “protege-las”, deixando-as imunes ao HIV e à AIDS para o resto da vida.

Funcionou? Parece que sim. O pesquisador afirmou que a técnica teve sucesso total em uma das meninas e parcial em outra.

Qual seria o problema, então?

O grande problema é que o biólogo He Jiankui não respeitou o limite da ética em pesquisa humana. A comunidade científica do mundo todo, inclusive da China, reiterou que não se deve fazer este tipo de pesquisa diretamente em pessoas, sem que haja irrefutáveis estudos precedentes demonstrando a segurança do procedimento. Estamos em um estágio do conhecimento em que ainda não há segurança científica para executar tal procedimento. Menos ainda em seres humanos. Seria como testar uma vacina ou uma nova droga em crianças ou adultos, sem que se tivesse a mínima ideia de seus efeitos colaterais, posto que tal produto não teria sido previamente testado em nenhum ser vivo. Em suma, neste momento do conhecimento científico, seria como dar um tiro no escuro, com pessoas dentro da sala.

A ética em pesquisa existe justamente para colocar um freio na capacidade humana de querer ultrapassar os limites da segurança, tolerabilidade e principalmente do respeito às pessoas e aos outros seres vivos. Haverá, a longo prazo, quaisquer efeitos colaterais desconhecidos nestas meninas? Não de sabe, ainda.

É bem possível que a técnica da terapia gênica venha a ser naturalmente incorporada à prática médica, em tempos futuros, tal como aconteceu, por exemplo, com os bebês de “proveta”, procedimento que hoje é amplamente utilizado e conhecido como fertilização in vitro.

Tudo virá a seu tempo e no tempo certo: quando houver segurança científica e, acima de tudo, no tempo em que os seres humanos tiverem a grandeza suficiente para entender que a terapia gênica deve, essencialmente, ser tão somente utilizada para proporcionar mais conforto, dignidade e saúde para os que a necessitarem.

Por isso, a ética é essencial. Em todos os tempos.

Fonte: Bem Estar

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